top of page
Foto do escritorKS Entertainment

MULHERES COREANAS QUEBRAM MAQUIAGENS E DENUNCIAM ABUSOS


A Coreia é cada vez mais conhecida pelos seus padrões de beleza e seus cosméticos chegando a ter a taxa mais alta de cirurgias plásticas para fins estéticos por habitante no mundo faturando aproximadamente US$ 13 bilhões em 2017 com pessoas que buscam o rosto perfeito, entretanto, um grupo de jovens sul-coreanas adeptas da campanha “Liberte-se do Espartilho” vêem a cada dia mais se rebelando contra esses padrões da sociedade que vivem, onde elas devem possuir o rosto pequeno (preferencialmente em formato de coração), pele perfeita e brilhante estando sempre maquiada ou aplicando diversos cosméticos, além das inúmeras cirurgias plásticas.


Quem adere à campanha destrói seus kits de maquiagem, adota o corte de cabelo “tigela” e substitui as lentes de contato pelos óculos. As adeptas compartilham nas redes sociais fotos de estojos quebrados e vídeos esvaziando frascos de produtos, muitas vezes caros, no ralo. “A misoginia é mais externa na Coreia do Sul, e a indústria de beleza agravou isso” diz a jovem sul-coreana Kim Ji-yeon de 22 anos, que se juntou a campanha, para o jornal The New York Times. A reflexão sobre a pressão imposta à aparência atingiu até mesmo youtubers de maquiagem como Lina Bae, que costumava a postar tutoriais de maquiagens diárias em seu canal como um vídeo de um processo ultra laborioso em julho de 2018. Após conhecer o movimento, Lina fez um vídeo em que removeu todos os produtos de maquiagem e disse às espectadoras que cada um é bonito e especial a sua maneira, o vídeo alcançou mais de 5,7 milhões de visualizações só no início de dezembro.


Apesar das formas de protesto terem sido taxadas como inofensivas, muitas mulheres estão sofrendo abuso verbal e ameaças de morte através das redes sociais por conta da aparência natural que adotaram, de acordo com uma matéria do jornal The New York Times. Influenciadas em parte pelo impacto global do movimento #MeToo, a mobilização das sul-coreanas não fica apenas no ativismo virtual nem as contestações dos padrões e da indústria de beleza.


Em maio de 2018, milhares de mulheres foram para as ruas em uma série de protestos contra assédio sexual, câmeras escondidas em banheiros públicos femininos e outros locais de Seul que captam imagens íntimas sem consentimento e acabam parando em sites pornográficos. Uma reportagem publicada pelo jornal britânico Telegraph em setembro, declarou ter sido uma grande manifestação pelos direitos femininos na história do país visto a sua desigualdade de gênero e salarial, sendo grande a diferença entre homens e mulheres de acordo com os países que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).


Denúncias sobre assédio ocorrem com frequência como o caso de uma conhecida promotora da Coreia, Seo Ji-hyun, que em janeiro de 2018 falou em entrevista para o canal de televisão JTBC sobre ter sofrido um assédio em 2010 pelo então Ministro da Justiça. Ao observar o #MeToo ganhar força em Hollywood, Seo passou a entender que aquilo que tinha acontecido com ela não era um caso isolado. A denúncia já havia feita e ela enviou uma carta para o Departamento de Justiça, que por sua vez, determinou que as alegações eram falsas. Entretanto, sua decisão de ir a público chamou a atenção da presidente da Korea Hotline, uma organização apoiadora à sobreviventes de violência doméstico e assédio sexual, que afirmou um aumento de 23% no número de ligações nas semanas após à denúncia de Seo na TV.


Em março, o governador de Chungcheong, Ahn Hee-Jung renunciou após sua secretária Kim Ji-Eun acusá-lo de estupro. De acordo com a promotora, ainda não há mudanças institucionais mas sim, nas ruas e redes sociais em que as mulheres acrescentam a tag #WithYou em solidariedade junto a tag americana #MeToo. A atriz Kim Tae-ri, que é porta voz do movimento #WithYou, disse ao canal JTBC que o assédio era estrutural no país e completou: “O movimento não deve terminar com a repetição de revelação e um simples pedido de desculpas, mas ser um trampolim na criação de uma melhor estrutura social.”



Matéria por: Fernanda de Sousa.

Não retirar sem os devidos créditos.


Comments


bottom of page