Parte 2: Por que Cheese In The Trap é uma lição de vida?

Vamos continuar falando do quanto podemos aprender com esse dorama produzido pela tvN

Cheese In The Trap continua sendo, para mim, uma das histórias que melhor retrata a vida de um estudante universitário, onde você se sente amadurecendo junto com os personagens de um modo muito natural. Criado por Soonki e publicado entre 2010 e 2017 na Coreia do Sul, conta a história da Hong Seol e sua vida como uma recém adulta, tendo que lidar com os problemas do cotidiano que pioram quando ela se envolve com Yoo Jung e Baek In-Ho.

Já foi adaptada duas vezes. Em 2016, a tvN produziu um drama com Kim Go-Eun (de Goblin), Park Hae-Jin (de Bad Guys) e Seo Kang-Joon (de The Third Charm). E em 2018 foi lançado um filme, mantendo o Hae-Jin no elenco, mas substituindo os outros dois protagonistas por Oh Yeon-Seo (de A Korean Odyssey) e Park Ki-Woong (de Return).

Na minha última matéria, eu defendi o drama, mesmo sendo a fã chata que defende que nada chega aos pés do original, pois foca muito no romance (E eu reforço: leiam a webtoon!), mas também podemos tirar lições dele. Por isso, fiquem com mais três aprendizados para se levar para a vida com Cheese In The Trap!

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ATENÇÃO: SPOILERS LEVES

(Spoilers mais pesados serão sinalizados)

Cheese In The Trap é uma lição de vida porque nos mostra...

... Que não podemos viver isolados

Desde o episódio 1, nós temos a noção de que a Seol é uma garota muito individualista. Não é que ela não tenha habilidades de socializar, mas ela prefere não falar da sua vida pessoal para ninguém, nem mesmo para os melhores amigos, que tão pouco sabem sobre ela, ou para a família, que sabem menos ainda.

Mas se engana quem pensa que ela faz isso de propósito. Muitas das suas ações são tomadas com a intenção de não querer incomodar ninguém, como se fosse melhor lidar sozinha com os problemas do que pedir ajuda. Já começa com o fato dela ter decidido dar um tempo da faculdade por achar que não seria capaz de pegar a bolsa, e passar um semestre inteiro trabalhando e juntando dinheiro para pagar o próximo. Isso para ela foi mais cômodo do que pedir ajuda aos pais.

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SPOILER ABAIXO

Como exemplo, temos o que acontece com ela no primeiro trabalho em grupo que aparece no drama. Tudo bem que todos ali estavam pouco se lixando para o trabalho, mas ela preferiu fazer tudo sozinha e arcar com as conseqüências do que arriscar tirar uma nota baixa ou pior: ter que enfrentar os outros e fazê-los trabalhar também. E convenhamos: a professora era uma megera, mas ela não estava errada ao dar uma nota baixa.

SPOILER ACIMA

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Lidar com as pessoas não é algo fácil, mas ir pelo caminho mais fácil, onde você só conta consigo mesmo, não traz boas conseqüências. Pode afastar pessoas queridas de você ou fazer com que o que você tanto queria evitar venha direto para você. Se tiver problemas, não remoa tudo dentro de si, compartilhe com quem confia, pois além de se sentir melhor você também pode receber apoio e ajuda de pessoas que se importam com você.

... Que não somos ninguém para julgar os outros (SPOILER GRAVE)

Eu tinha começado essa discussão na última matéria, agora sim vamos falar sobre o Jung. Sendo um rico herdeiro, aprendeu desde criança que mais valia a pena se comportar na frente dos outros como os outros queriam do que sendo ele mesmo. Enquanto ele tivesse um sorriso no rosto e fosse agradável, ninguém ficaria chateado com ele... Ou desconfiaria dele.

E desde então ele aprendeu a manipular as pessoas e as situações ao seu favor, sem que percebessem ou que sujasse as suas mãos. Infelizmente no drama, ele acaba se expondo muito, principalmente por causa da Seol. Mas na webtoon, a personalidade de fachada dele esconde totalmente o “Jung de verdade”.

Essa na verdade é todo o plot da história: Jung é um mestre dos disfarces. Ele tinha a habilidade de parecer ser uma alma bondosa, que tratava todos bem, de modo que as pessoas se sentiam íntimas dele, ao mesmo tempo que não sabiam nada sobre. Seol foi a primeira pessoa totalmente fora da “família” (o pai, In-Ha e In-Ho) a perceber quão manipulador ele era. Agora, entrando no problema de verdade, por conseguir enganar a todos tão bem, ele se sentia um nível acima dos outros, e então era, na cabeça dele, capaz de julgar quem era digno e quem merecia uma lição.

Aos poucos isso vai aparecendo. Começa com ele derrubando refrigerante “sem querer” em uma garota para que ela se afastasse dele, mas isso é nada perto do que ele faz, sendo suas principais vítimas seus “irmãos” e sua namorada.

Quando ele descobre que In-Ho não era amigo dele de verdade e que falava pelas costas dele, ele criou uma situação para que se vingassem do garoto fisicamente e acabassem com o seu sonho de ser um grande pianista.

Quando In-Ha demonstrou ser uma pedra no sapato que só queria se aproveitar dele, ele a destruiu por completo também, começando pelos bens materiais até a sua reputação

E a Seol foi uma das mais afetadas. Quando ele decidiu que não gostava dela, fez de tudo para que ela se prejudicasse. A Joo-Yeon gostava do Jung e detestava a Seol, por isso ele fazia questão de falar e ser gentil com a Seol na frente dela. Seol disse publicamente que não confiava no Jung, então ele fez questão de lembrar a ela para ter cuidado. Até para juntar ela com o Yeong-Gon ele ajudou!

E quando decidiu que gostava dela também manipulou. Ele fez com que ela ganhasse a bolsa e entrou nas mesmas aulas para poder se aproximar dela. Ele ameaçou e até mesmo agrediu pessoas que fariam e fizeram mal a ela! Ele passa dos limites com ela e é assim que sua máscara vai caindo aos poucos.

Mas enfim, Jung se acha no direito de fazer isso porque, no fundo, ele se acha melhor que os outros. Ele decide quem o beneficiaria e quem não, avaliando as pessoas sem ter conversas profundas com ela. Perante a isso, coisas ruins acabam acontecendo que prejudica não só as outras pessoas, mas a ele mesmo. Querendo ou não, ele também se isola cada vez mais.

E a grande lição que podemos tirar da vida do Jung é: nós não temos o direito de “consertar” a vida de alguém ou punir. Nossa visão é muito subjetiva para que possamos fazer algo tão grande assim. Por mais que alguém te dê nos nervos, você mesmo fazer a justiça ou usar os outros para isso te transforma no grande vilão.

Pelo amor de Deus, gente, essas são as minhas impressões e opiniões sobre Cheese In The Trap. Existem outras interpretações, algumas totalmente contraditórias a minha, mas uma coisa não podemos negar: ele quer sim nos transmitir algo além de cenas engraçadas de um bom plot.

Matéria por: Yasmin Santos.

Não retirar sem os devidos créditos.