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Slice of Life: O Gênero da Sofrência

Venha começar o ano chorando com os dramas que farão você pensar sobre a sua vida


Como nos animes, o Slice of Life é um gênero que também existe nos dramas. O nome é literalmente “parte da vida” e já nos faz entender que seu objetivo é mostrar algum momento da vida de uma pessoa ou de uma sociedade, falando sobre o cotidiano e os seus problemas.


Apesar de parecer algo bobo ou banal, já que só ele não te garante cenas de morrer de rir ou sequências de ação para te deixar aflito, são bem interessantes. Muitas vezes não possuem uma trama complicada, daquelas que se você não prestar atenção em 1 segundo, você se perde, mas consegue ser bem sérios e com certeza podem ser capaz de arrancar lágrimas.


O mundo do entretenimento existe para nos distrair do nosso dia-a-dia, é aquele momento em que podemos não pensar nos nossos problemas e nos divertir enquanto isso. Talvez por isso esse gênero seja bem menos atraente para os dorameiros de plantão na hora de escolher o que assistir.



Porém, a importância de trazer a luz esse tipo de discussão também serve como uma forma de conscientizar. Muitos dramas do gênero conseguem trabalhar bem com questões polêmicas e também problematizar acontecimentos e pensamentos, levantando questões que devem ser debatidas e desse jeito, evoluindo.


Slice of Life acaba sendo muito comum nas séries ocidentais, que são aclamadas pelo público e críticos, atraindo holofotes quando bem roteirizadas. E mesmo existindo ótimos exemplos nos dramas, eles chegam a não ser muito conhecidos ou não têm o destaque que merecem.


Um exemplo disso é o drama Radiant Office. Produzido pela MBC em 2017, me deixou na bad no primeiro episódio. Ele engana totalmente com seus pôsteres e teasers engraçadinhos, que praticamente falam “venha me assistir, eu falo sobre tretas no escritório e posso ter um pouco de romance”. Mas ao dar play você depara com discussões profundas sobre suicídio.


Sim, toda a história se passa praticamente dentro do escritório, mas antes disso, fala sobre a pressão da sociedade para que você seja o melhor e tenha sucesso sempre. Os jovens Eun Ho-Won (Go Ah-Sung), Jang Kang-Ho (Hoya) e Do Ki-Taek (Lee Dong-Hwi) tentam se suicidar por não conseguirem um emprego. Pode parecer besteira, mas como é um dorama para refletir, se fizer isso irá te impactar. Afinal, pelo que os personagens tiveram que passar para pensar que a morte era a melhor opção?



Radiant Office ainda fala sobre hierarquia no local de trabalho, sobre usar pessoas (que outros podem ver como “aproveitar o momento”), sobre sabotagem e passa levemente por uma problematização do sexismo nas empresas.


Outro que também não recebe muito foco é o drama da KBS2 Sassy Go Go (também conhecido como Cheer Up!) de 2015. Uma história sobre líderes de torcida é pouco animador, ainda mais quando se passa com jovens ricos. Mas eu também não esperava que iria ver uma discussão de como rankings e competições podem se tornar tóxicas.

A história toda se passa dentro de um colégio onde criou-se a regra da sobrevivência de acordo com o ranking de notas escolares dos alunos. As notas definem quão aceito você será naquele meio e como o ser humano clama para se encaixar em algum lugar, isso se torna um jogo de sobrevivência insano.



A pressão para ser o melhor os fazem se punir quando não alcançam o objetivo ou até mesmo caçar modos de aliviar o estresse não muito bem visto na Coreia. Além disso, o drama também fala sobre como os pais utilizam seu dinheiro e poder para conseguir privilégios para seus filhos.


Ano passado, tivemos um drama que de cara parecia ser apenas um romance com coisas sobrenaturais (bem a cara da Coreia), mas novamente fomos enganados. Go Back Couple se encaixa nesse gênero quando fala sobre duas fases bem opostas da vida de Ma Jin-Joo (Jang Na-Ra) e Choi Ban-Doo (Son Ho-Jun).


Estando o casal quarentão recém divorciado presos na época em que ambos tinham 20 anos, a experiência deles e também as lembranças de 1999 que possuem dá vantagens para passar pelos desafios de quando eram calouros na faculdade. No futuro, eles enfrentam problemas quanto ao trabalho, a vida de casados e de pais, a perda de sintonia e outros que não posso dizer por motivos de spoiler. Essas questões se misturam com o passado, fazendo-os claramente se destacar entre os jovens e nos dar lições sobre família, principalmente, e também sobre a vida adulta.



Outro que também fala sobre o mesmo assunto é Because This Is My First Life. Ele possui 3 tramas e apesar de Lee Min-Ki, Park Byung-Eun e Kim-Min-Suk estarem muito bem, são as mulheres que dominam esse drama. Começando pela protagonista: Yoon Ji-Ho (Jung So-Mi) está na história para nos mostrar como seguir sonhos pode ser difícil. Com 30 anos, ela é roteirista-assistente de dramas que não são conhecidos e não conquistou coisas na vida que tecnicamente deveria, como uma carreira de sucesso, uma casa só sua e já estar constituindo uma família.


Woo Soo-Ji (Esom) já é o oposto. Aos olhos dos outros, a sua vida é muito boa: tem um emprego estável, uma casinha boa, consegue ajudar a mãe com as despesas e é solteira porque quer, mas o fato de não possuir um namorado a faz ser o motivo das fofocas dos homens do seu trabalho, que muitas vezes a desrespeitam por se acharem no direito disso, já que ela não é recatada como "deveria". E Yang Ho-Rang (Kim Ga-Eun) é a única que possui o sonho de constituir família com o seu namorado, com quem mantém uma relação há muitos anos. Mas a falta de sintonia entre eles (e a frustração quanto a carreira dele) os traz problemas, que repercute em vários lugares.



Como dizem, a arte imita a vida real, então com dramas, não seria diferente. As lições que os 4 citados aqui passam são lindas e importantes. E apesar de poder realmente te fazer chorar, também podem aliviar o coração de vocês, pois muitos deles podem tocar no assunto que tanto lhes machuca e fazem você perceber que: não está sozinha.



Matéria por: Yasmin Santos

Não retirar sem os devidos créditos.


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